quarta-feira, 13 de abril de 2011

Adeus às Armas

Os jornais de hoje repercutem a proposta do presidente do Senado, José Sarney, de fazer um novo plebiscito sobre a proibição de venda de armas no País. O noticiário mostra que o assunto divide o Congresso e o Executivo e insinua que o poder econômico da indústria de armas estaria por trás das resistências à aprovação de uma nova consulta popular sobre o desarmamento.
O massacre de Realengo ressuscitou a proposta de nova consulta popular. O que não se esperava é que as reações contrárias fossem tão fortes e partissem de gente graúda, como o presidente da Câmara dos Deputados, o petista Marco Maia.
O argumento de Maia, no entanto, é frágil. Ele diz ser contra a proposta porque não se pode passar por cima do resultado do referendo de 2005, quando 64% disseram não à proibição da venda de armas no país.
Ora, isso é um bobagem.
Por quê não se pode voltar a consultar o povo, seis anos depois? Qual o dispositivo legal que diz que a consulta de 2005 é perpétua? Em seis anos muita coisa pode mudar, no país, e na cabeça das cabeças. A vida anda, o mundo é dinâmico, as coisas mudam.
Como ensinava o Barão de Itararé, triste não é mudar de ideia. Triste é nao ter ideias para mudar.
Portanto, parece claro que esse argumento é apenas uma cortina de fumaça para desviar a atenção do principal.
Segundo dados divulgados nos jornais de hoje, a indústria de armas doou R$ 2,9 milhões para candidatos que disputaram as eleições do ano passado.
Aí é que pode estar o nó da questão. Deputados que se elegeram com essas doações, certamente, não ficarão confortáveis defendendo uma nova consulta popular que pode proibir a venda de armas no país o que, evidentemente, não interessa à essas indústrias.
É claro que a simples proibição da venda de armas não vai resolver o problema da violência e da segurança pública no Brasil, muito menos impedir que cenas com as do massacre de Realengo voltem a se repetir. Mas, também é claro, que alguma coisa precisa ser feita.
E proibir a venda de armas pode ser um bom primeiro passo.
O que chama atenção, também, é o comentário de alguns colunistas, tachando a proposta de Sarney de "oportunista". Isso soa estranho. Será que além da bancada das armas também temos os colunistas das armas?
Essa discussão precisa ser enfrentada sem hipocrisia. Que a bancada das armas mostre a sua cara e o povo decida.
E espero que decida dando um adeus às armas.

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