sábado, 28 de abril de 2012

Consciência do dever cumprido

         
          Depois de 4 anos na presidência da ARUC, chegou a hora de sair. A alternância de poder é uma salutar prática democrática, que deve ser sempre estimulada, praticada e exercida.
          Ao me despedir, quero, em primeiro lugar, agradecer a todos os que me ajudaram nesses dois mandatos, aos meus companheiros de diretoria, aos funcionários, aos integrantes de todos os segmentos da escola de samba e a toda a comunidade cruzeirense.
          Saio com a consciência do dever cumprido.
          Durante esses dois mandatos consecutivos, tivemos grandes e importantes vitórias.
  Ganhamos três dos quatro carnavais que disputamos e o que perdemos, neste ano, foi por um detalhe, por um erro localizado, que foi rigorosamente penalizado por um jurado. Mas sei que fizemos um carnaval competitivo, digno das nossas tradições. Perdemos, como poderíamos ter ganho. Na verdade, não perdemos, deixamos de ganhar.
         Administrativamente, organizamos a entidade, honramos todos os nossos compromissos financeiros, regularizamos pendências financeiras antigas, como o parcelamento de uma dívida com a Caesb, que se arrastava desde 2000, entre outras, e saímos do Carnaval sem dívidas e com o dinheiro do prêmio em caixa. Menos do que gostaríamos, é verdade, mas com o que foi possível, diante de um carnaval feito em tão pouco tempo e com tantas dificuldades. Não temos dívidas e as pendências judiciais que ainda enfrentamos não foram provocadas por nós, mas por terceiros, como a relativa ao Carnaval de 2009.
          Além disso, retomamos o espaço onde funcionava a academia, o reformamos, assim como fizemos outras reformas na área de ensaios, ao lado da piscina, ampliando os espaços da ARUC para suas atividades e para a comunidade.
   O Projeto Fabricando Carnaval, que vem sendo realizado há 3 anos, ampliou as possibilidades de capacitação profissional dos nossos componentes envolvidos com o processo de montagem e organização do Carnaval, com reflexos positivos que já podem ser sentidos na prática.
          Nesses 4 anos, nossa entidade ocupou generosos espaços na mídia, consolidou-se como uma referência local e nacional no Mundo do Samba, melhorou sua interlocução com o governo federal e distrital e a Uniesbe, ampliou sua participação em eventos públicos, como o desfile oficial de 7 de setembro e o Carnaval da Presidência da República, e privados, com a presença cada vez mais solicitada do ARUC SAMBA SHOW, manteve no ar e com atualizações constantes o blog e o site oficial da entidade, promoveu grandes shows, como há muito tempo não acontecia, e realizou uma histórica e emocionante festa dos nossos 50 anos, com a presença da Velha Guarda da Portela, que encheu de orgulho e alegria os corações de todos os cruzeirenses.
         Também cometemos erros, é claro. Ou deixamos de fazer algumas coisas que precisam ser feitas. Afinal, ninguém é infalível, perfeito, imune a erros. Somos humanos e todos erramos.  Entre nós não existe nenhum super-homem. É preciso ter coragem e humildade para assumir os erros.
         Ainda nos falta uma melhor organização administrativa, precisamos profissionalizar a administração do bar, ter mais agilidade no processo de prestação de contas, maior democratização das decisões, mais participação do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal na gestão da entidade, dinamizar as atividades esportivas e culturais, maior envolvimento dos componentes na gestão do Carnaval e, principalmente, implantar instrumentos permanentes de preparação de novos quadros dirigentes e para o Carnaval, como, por exemplo, a Bateria Mirim e as oficinas de Mestre-Sala e Porta-Bandeira e de passistas, entre outras. Precisamos cuidar melhor da ARUC do futuro.
          Também deixamos de encontrar uma solução para o nosso maior e crônico problema estrutural: a baixa capacidade de arrecadação. A ARUC não tem mecanismos próprios de arrecadação que lhe permita arcar com tranquilidade com seus compromissos financeiros permanentes. Equacionar esse problema é, ao lado de uma solução definitiva para regularizar a área que ocupamos, nosso maior desafio.
          Mas é importante deixar claro que os erros cometidos não foram por descuido, descaso ou omissão. Sempre fiz o possível para acertar, sempre pensei no melhor para a entidade, sempre estive aberto a ouvir as opiniões de todos. Sem vaidades, sem personalismos, sem estrelismos, sem mandonismos, sem autoritarismo, sem agressividade, sem gritos ou tapas na mesa. Sempre com serenidade, humildade e respeito a todos. Mas também sem fugir da minha responsabilidade de decidir, quando foi preciso.
          Ao me despedir, desejo boa sorte aos novos dirigentes da ARUC, eleitos hoje, dia 28 de abril.
          Mesmo ausente fisicamente, meu coração azul e branco sempre estará com vocês.
           Saudações Cruzeirenses
   Moacyr de Oliveira Filho – Moa
   Brasília, 28 de abril de 2012

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Sindicato dos Jornalistas abre guerra contra CQC

O Sindicato dos Jornalistas do DF deu uma bola dentro e divulgou uma nota oficial protestando contra a atitude irresponsável dos humoristas do CQC que têm criado problemas e constrangimentos para a atividade dos jornalistas profissionais em solenidades e eventos oficiais em Brasília. Na nota o Sindicato pede que os humoristas do CQC não tenham mais acesso à esses eventos oficiais.
O Sindicato está certo e tem toda a razão.
Eu sempre disse que é preciso separar jornalistas de humoristas. O CQC não é um programa jornalístico, é um programa humorístico. E seus humoristas não deveriam ter acesso a credenciais de imprensa para eventos e solenidades oficiais.
Se Valéria e Janeth, do Zorra Total, não têm credenciais de imprensa porque os engraçadinhos do CQC têm de ter?
É uma questão de bom senso e não tem nada a ver com censura ou restrição à liberdade de imprensa.
Trata-se apenas de limitar os espaços e colocar cada um no seu quadrado.
Espero que o CQC se toque e mude a postura agressiva, irresponsável, deselegante e grosseira dos seus humoristas.
Para fazer humor não é preciso agredir as pessoas, sejam elas quem forem, muito menos desrespeitá-las. Basta ter talento, ironia, sensibilidade, inteligência e graça.
Coisas, aliás, cada vez mais raras no CQC.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Salve Jorge!


Hoje, dia 23 de abril, é Dia de Jorge! Dia do santo mais popular do Brasil. Sincretizado com Oxóssi, na Bahia, e com Ogun, no Rio de Janeiro, São Jorge é o santo guerreiro que acalenta a alma, os sonhos e as esperanças do povo brasileiro. Hoje é feriado na Bahia e no Rio de Janeiro. Deveria ser feriado em todo o país, pois Jorge é a cara do Brasil. Não por acaso padroeiro do Corinthians, São Jorge é a síntese do povo brasileiro: valente, guerreiro, lutador, audacioso. Inspirador de poetas, seresteiros e namorados, São Jorge é cultuado nos terreiros de umbanda e candomblé, nas igrejas, nas escolas de sambas, nos bares, nas casas, casebres, barracos e malocas, nas ruas, nos becos e vielas do país e da alma do nosso povo.
Salve Jorge!

sábado, 21 de abril de 2012

Brasília é seu povo, sua gente, sua cultura. Não seus políticos ridículos.


Brasília é maior que seus pífios governantes e seus ridículos políticos. Brasília nasceu do sonho de um santo, da ousadia de um presidente e do talento e inventividade de Niemeyer e Lúcio Costa.
Brasília é seu povo, sua gente, sua cultura.
Brasília é a ARUC, é o Pacotão, é Carlos Elias, é Cássia Eller, é Renato Russo, é o Esquadrão da Vida, é Os Melhores do Mundo, é o Boi do Teodoro, é o Liga Tripa, é a UnB, é Ivan da Presença, é a Via Sacra de Planaltina, é o Clube do Choro, é o Festival de Cinema, é Raul de Xangô, é a Água Mineral, é o Beirute, é o céu que é seu mar, é Nicolas Behr, é Honestino Guimarães.
Brasília é Fernando Lemos que, por ironia do destino, foi enterrado no dia do aniversário de Brasília, que tanto amou.
Essa é a Brasília que aprendemos a amar e acreditar. Essa é a Brasília que estamos ajudando a construir.
A outra, a Brasília da lama, da corrupção, das Caixas de Pandora, das orações da propina, dos Agnulos, vai passar, por insignificante e desprezível.
Mas a nossa Brasília, a que pulsa viva nas superquadras, eixos, tesourinhas, becos e vielas vai ficar para sempre em nossos corações.
É pra essa Brasília que batemos cabeça e damos os parabéns!

terça-feira, 17 de abril de 2012

CQC não é jornalismo. É humorismo.

As palhaçadas dos "humoristas" estão passando dos limites e ontem criaram mais um constrangimento em Brasília. Credenciado para acompanhar o encontro de  Hillary Clinton com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, o repórter do “CQC” Mauricio Meirelles provocou a fúria dos jornalistas ao final da entrevista, ao se levantar e oferecer uma máscara de Carnaval à secretária de Estado americano.
O encontro estava sendo transmitido ao vivo pela Globo News quando ocorreu o incidente. Meirelles já havia causado irritação ao gritar “I love you, Hillary” enquanto cinegrafistas registravam, dentro do Itamaraty, a chegada da secretária.
Hillary e Patriota, deixando o local, ouviram espantados parte da troca de ofensas entre a equipe do “CQC” e jornalistas que se sentiram prejudicados pela intervenção de Meirelles. Houve até quem gritasse: “Isto não é palhaçada! O que a imprensa do resto do mundo vai dizer do Brasil?”
Em seu Twitter, Meirelles contou: “Um dos jornalistas me chamou pra porrada e ameaçou meu produtor. Foi onde tudo começou”. Quem estava perto ouviu o repórter do “CQC” responder: “Vamos lá fora então”.
Havia cerca de 100 jornalistas presentes na entrevista. Segundo o repórter Mauricio Savarese, do UOL, Claudia Bomtempo, da Rede Globo, disse aos colegas que fez “uma reclamação formal” contra Meirelles junto à assessoria do Itamaraty.
Essas palhaçadas do pessoal do CQC já passaram dos limites. É preciso dar uma basta nisso e deixa claro uma coisa: o CQC não é um programa jornalístico. É um programa humorístico e de qualidade duvidosa, na maioria das vezes. Portanto, só há uma solução para evitar novos vexames: não credenciar o CQC para coberturas jornalísticas.
Jornalismo é uma coisa. Humor, show e besteirol são outra completamente diferente.
Cada um na sua praia e ponto final.

domingo, 15 de abril de 2012

Cilon não foi enterrado. Foi semeado!

Acabei de ler o livro Antes do Passado - o silêncio que vem do Araguaia, da jornalista e publicitária Liniane Haag Brum. Li de uma enfiada só, de cabo a rabo, da primeira à última página, aproveitando a monotonia de um sábado de folga.
O livro de Liniane foi um presente que me caiu no colo.
Na semana passada, meio que por acaso, trombei com Liniane no facebook, ao receber um pedido para adicioná-la. Me chamou a atenção o sobrenome Brum e a adicionei.
Liniane é sobrinha e afilhada de Cilon Cunha Brum, o Comprido, um dos mortos e desaparecidos na Guerrilha do Araguaia.
Cilon foi meu companheiro de PCdoB, antes de partir para o Araguaia. Mais do que isso foi ele quem formalizou meu ingresso no PCdoB, no final de 1970, quando eu e outros companheiros secundaristas entramos na USP e decidimos passar da AP para o PCdoB. Me lembro como se fosse hoje do nosso primeiro "ponto" na porta do Cine Belas Artes, na esquina da Rua da Consolação com a Avenida Paulista. A partir daí passei a ter "pontos" semanais com Cilon, quase sempre no mesmo lugar. Nossa convivência durou alguns meses, quase um ano. E, apesar de ser uma convivência estritamente política, sempre tive um grande carinho pelo Comprido. Pouco ou quase nada sabia da sua vida pessoal, como exigiam as rígidas regras de segurança da época. Apenas sabia que ele era estudante de Economia da PUC, gaúcho e se chamava Cilon, embora o tratasse sempre pelo codinome: Comprido.
Os pontos semanais com Comprido, religiosamente cumpridos, eram sempre muito prazerosos. Comprido era cativante. Alto, magro, cabelos pretos, lisos, repartidos ao meio, Comprido era sereno, tranquilo, camarada. Nossas conversas se limitavam à pauta política: análise de conjuntura, situação do Movimento Estudantil, tarefas da nossa Organização de Base, discussões políticas e debates teóricos. Mas sempre eram conversas saborosas, produtivas, cheias de ardor revolucionário. Comprido era o nosso orientador político. Nosso único contato com a estrutura partidária. Era ele que nos fazia sentir militantes do PCdoB.
Um belo dia, num desses "pontos" semanais, em meados de 1971, Comprido se despediu e anunciou que iria ser deslocado para outra tarefa partidária e que a partir da outra semana nosso contato seria feito com outra pessoa, a camarada Amélia, que nunca mais vi e até hoje não sei quem é. Marcamos o dia do "ponto", no mesmo local, acertamos a senha - afinal não conhecia Amélia e nos despedimos com um forte abraço.
Naquela época ainda não sabíamos da existência do Araguaia, nem que Comprido tinha sido deslocado para lá.
E nunca mais vi Comprido.
Ou melhor, vi sim. Por fotografia. Um ano depois, em maio de 1972, fui preso junto com outros companheiros de nossa Base universitária pelo DOI-CODI do II Exército. Lá, durante os interrogatórios, os torturadores me apresentaram uma foto de Comprido e queriam saber se eu o conhecia. Admiti tê-lo conhecido, mas que não tinha mais contato com ele há mais de um ano. Foi o bastante para que as torturas recrudescessem. Apanhei uns 3 dias até que os torturadores se convencessem de que eu estava falando a verdade. Não via Comprido há mais de um ano e não fazia a menor ideia de onde ele poderia estar.
Anos depois, quando as primeiras notícias sobre a Guerrilha do Araguaia vieram à tôna, soube que Cilon Cunha Brum era um dos mortos e desaparecidos na Guerrilha.
Sempre tive curiosidade em saber mais sobre Cilon, mas as informações sempre eram escassas, limitadas ao seu nome, foto e uma breve biografia publicadas nos livros e materiais que o PCdoB passou a publicar sobre a Guerrilha.
Dos quase 70 mortos no Araguaia, conheci três. Cilon, Helenira e Ribas. Com Helenira e Ribas nunca tive contato pessoal, apenas os encontrava esporadicamente, entre 1968 e 1969, em reuniões, assembleias e passeatas do Movimento Secundarista. Eles eram dirigentes da UBES. Mas com Cilon era diferente. Cilon era, pra mim, uma pessoa de carne e osso, com quem convivi de perto por quase um ano. Cilon era como se eu estivesse estado no Araguaia.
Conto isso para explicar porque o livro de Liniane me emocionou tanto.
Ao ler seu relato, parece que o tempo voltou e Cilon estava o tempo todo ao meu lado.
O livro é ótimo e traz uma leitura diferente sobre o Araguaia. Não é uma reportagem, muito menos uma análise política ou ideológica da Guerrilha. É um singelo, emocionado e pungente depoimento pessoal de um familiar em busca de notícias e informações sobre a passagem de seu parente pelas matas do Sul do Pará.
É um relato pessoal que faltava na bibliografia sobre o Araguaia e mostra com crueza o sofrimento das famílias desses heróis do povo brasileiro que esperam até hoje os corpos de seus entes queridos para enterrá-los em paz.
O livro de Liniane tem vida, tem amor, tem emoção.
E comprova a necessidade urgente de se esclarecer definitivamente essa página da história do Brasil.
O livro de Liniane é um libelo cortante da luta dos familiares dos mortos e desaparecidos e uma prova de que nada justifica o silêncio do Estado e das Forças Armadas sobre a verdade dos anos de chumbo.
Uma frase do livro não me sai da cabeça e sintetiza tudo que senti na sua leitura: "Seu filho Cilon não foi enterrado. Foi semeado. Deixado em cima da terra como grão que um dia vai germinar", escreve Liniane numa de suas cartas à avó, informando-a sobre as notícias da busca por Cilon, que recheiam o livro e são um dos pontos fortes e emocionantes da obra. Nessa última carta, Liniane informa a avó ter descoberto que Cilon foi executado na mata, meses depois de ter sido preso pelo Exército, e seu corpo foi deixado na mata, insepulto, coberto apenas com alguns ramos de vegetação.
Liniane tem razão. Cilon foi semeado e a semente que germinou do seu corpo é a semente da liberdade!

quinta-feira, 12 de abril de 2012

40 anos da Guerrilha do Araguaia

                              
Hoje, dia 12 de abril, se comemora os 40 anos da Guerrilha do Araguaia.
No dia 12 de abril de 1972, pela primeira vez, as tropas do Exército desembarcaram no Sul do Pará, dando início à guerrilha. Os combates se arrastaram até o início de 1975 e mobilizaram cerca de 5 mil homens para combater 79 guerrilheiros e 17 camponeses que aderiram ao movimento.
Praticamente todos os guerrilheiros foram presos, assassinados e estão desaparecidos até hoje. Localizar seus corpos e devolvê-los às suas famílias é um resgate histórico que o Brasil precisa fazer.
Por coincidência, ontem, meio que por acaso, encontrei no facebook Liniane Haag Brum, sobrinha de Cilon Cunha Brum, um dos mortos na Guerrilha do Araguaia, que acaba de lançar o livro Antes do Passado, contando a história de Cilon e a luta da família em busca do seu corpo.
Esse encontro, ainda que virtual, foi um momento de muita emoção para mim. Cilon, o "Comprido", foi meu companheiro de Movimento Estudantil, em 1970 e 1971, até ser deslocado para o Araguaia. Estudante de Economia da PUC em São Paulo, foi Cilon quem me recrutou para o PCdoB, quando passei no vestibular e entrei na Faculdade de Economia da USP, em 1970, e dava assistência política à base do PCdoB na USP. Tinha "pontos" semanais com ele, normalmente na porta do Cine Belas Artes, na Rua da Consolação, em São Paulo.
Um certo dia, ele se despediu dizendo que tinha sido deslocado para outra tarefa.
Não sabíamos para onde ele tinha ido, nem sabíamos, na época, da existência do Araguaia. Apenas sabíamos que havia a organização de um movimento de resistência à ditadura no campo.
Em maio de 1972, menos de um mês depois do início da Guerrilha, fui preso pelo DOI-CODI do II Exército, e os torturadores queriam que eu revelasse onde estava "Comprido". Apanhei uns três dias até eles se convencerem de que eu falava a verdade ao dizer que não sabia do seu paradeiro.
No aniversário da Guerrilha, rendo minha homenagem ao querido "Comprido", publicando a foto da sepultura que sua família mantém à espera do seu corpo, e a todos os outros mortos e desaparecidos no Araguaia.
Heróis do povo brasileiro!

terça-feira, 10 de abril de 2012

A Capital do Caos

Não bastasse a greve que já dura um mês e azucrina a vida das famílias que têm filhos em escolas públicas, os professores resolveram, no final da manhã desta terça-feira, infernizar a vida de todos os brasilienses, mesmo os que não têm filhos em escolas públicas. Certamente com a cumplicidade criminosa da PM, que por sinal faz um operação tartaruga há semanas e comemora o aumento da violência e da criminalidade, os professores simplesmente interditaram todas as pistas do Eixo Monumental, na altura do Palácio do Buriti, na hora do almoço, enquanto realizavam mais uma das suas festivas Assembleias, transformando a ida para casa na hora do almoço num verdadeiro inferno. O trânsito ficou caótico com reflexos por toda a área central da cidade.
Um evidente exagero dos professores, que interditaram a via, e da PM, que permitiu e protegeu a interdição.
Reflexos de uma cidade sem comando, sem governo, sem controle, onde PMs comemoram o crime, professores invadem salas de aula para impedir que seus colegas trabalhem, hospitais públicos não avisam familiares de mortes de parentes internados, buracos se espalham pelas vias, etc, etc.
Triste Brasília.

sábado, 7 de abril de 2012

Descaso até na morte

É impressionante o descaso do GDF com a saúde pública. Descaso até com a morte.
Esta semana faleceu no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), Jorge Fernandes da Silva, vítima de hemorragia interna provocada por problemas renais crônicos. Jorge faleceu às 17 horas da terça-feira, dia 3 de abril. Mas seus familiares só souberam da sua morte, na quinta-feira, dia 5 de abril, dois dias depois, quando um deles foi ao HRAN visitá-lo. Ao chegar no Hospital foi informado do falecimento. Ou seja, o HRAN não teve sequer o cuidado de informar os familiares do paciente de seu óbito, apesar de na sua ficha constar dois telefones de uma irmã.
Mais grave do que isso foi o estado em que os familiares encontraram Jorge na Anatomia do HRAN, quando foram reconhecer o corpo. Jogado no chão, numa espécie de gaveta improvisada, em cima de uma poça d'água, certamente provocada pelo descongelamento das pedras de gelo colocadas no seu corpo, apenas com o órgão genital coberto por um saco preto de lixo, todo sujo de sangue, como se fosse um animal. A cena chocou os familiares e até mesmo o funcionário da funerária contratada pela família para cuidar do sepultamento. Mesmo acostumado a lidar com a morte, o funcionário da funerária ficou indignado com a cena, que revela o descaso com que o HRAN trata os que morrem nas suas dependências.
Um hospital público que não respeita seus mortos, que não avisa os familiares do falecimento, não pode tratar bem da vida. Simplesmente lamentável!
Ainda mais se lembrarmos que o DF é governado por um médico.
Os rios de dinheiro gastos em publicidade pelo GDF tentando mostrar que a saúde está uma maravilha viram inutilidade diante de cenas como as que a família de Jorge viveu esta semana e que, certamente, devem ser vividas todos os dias por outras famílias do DF.
Em tempo, vocês não conhecem Jorge Fernandes da Silva, mas certamente já o viram, alguma vez, nos programas humorísticos da TV Globo. Jorge foi durante muitos anos figurante da Globo, participando de cenas do Zorra Total e da Turma do Didi.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

O samba perde Ederaldo Gentil

Vocês não vão ver essa notícia na tv, nem ouvir suas músicas no Fantástico, no Faustão, na Xuxa, no Caldeirão, nem mesmo no Esquenta, que, por sinal, acabou domingo passado, nem no rádio. Muitos de vocês, aliás, não devem nem saber da sua existência ou, pior, não devem nem saber que na Bahia também existem sambistas, e dos bons.
Mas eles existem sim e um deles morreu na sexta-feira - Ederaldo Gentil, autor de algumas obras-primas, gravadas por Maria Bethânia, Beth Carvalho, Alcione, Elza Soares, Gilberto Gil, Luiz Melodia, entre outros, como a genial O ouro e a madeira, que reproduzo aqui.
Enquanto isso, ficamos sabendo ontem, pelo Faustão, que a música do ano é Ai se eu te pego, do tal de Michel Teló.
Simplesmente ridículo, lamentável, deprimente.
Triste Brasil!