segunda-feira, 27 de junho de 2011

Corinthians, o único

Eu nem ia falar nada do massacre de ontem no Pacaembu contra os bambis. Primeiro porque ganhar do time do Jardim Leonor é comum. Depois, porque fregueses, principalmente tão assíduos como esses, merecem sempre ser bem tratados. Mas não posso deixar de compartilhar com meus parceiros desse Baralho a 4 a brilhante coluna do meu amigo Juca Kfouri, no Caderno de Esportes, da Folha de São Paulo, de hoje, cujo título é Corinthians, o único. Ela explica, ou tenta explicar para os não corinthianos, o que nos faz ser diferentes de todos os outros times e suas respectivas torcidas, e o que nos faz ser tão odiados por eles, os outros.
Vale a pena ler:

JUCA KFOURI

Corinthians, o único


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Quando ganha, quando perde e até nos triunfos dos rivais, o alvinegro mostra ser clube único
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ÚNICO INVICTO entre os paulistas neste Campeonato Brasileiro; único time a derrotar, e golear, o líder São Paulo até aqui; único a jamais ter feito a festa que os santistas fazem pela terceira vez, assim como os tricolores já fizeram outras três e os palmeirenses ao menos uma; este é o Corinthians, único também entre os grandes de São Paulo sem casa própria.
E foi no Pacaembu, na casa que virou sua sem sê- -la, que o Timão se aproveitou dos desfalques são- -paulinos e o venceu sem dificuldades depois que o tricolor ficou com dez em campo, ainda no primeiro tempo.
Os 5 a 0 foram a exata tradução da superioridade alvinegra, coroada com olé e uma infinidade de bolas entre as pernas.
Pois o Corinthians é tão grande, e aparentemente tão mais importante que os rivais, embora não possa concorrer com nenhum deles na relevância dos troféus conquistados, que impressiona como nenhum de seus adversários festeje coisa alguma sem fazer questão de lembrá-lo.
Se é ainda polêmica a tese freudiana sobre a inveja que a mulher teria do pênis, parece indiscutível o ciúmes que o tamanho da torcida corintiana desperta em seus concorrentes.
Porque não há outra explicação para as inúmeras agressões à nação corintiana em meio aos mais que justificados festejos praianos, assim como acontece quando a festa é alviverde ou tricolor - ou até mesmo rubro-negra e colorada.
Se é raro que o Corinthians tenha uma direção que chame a atenção por suas qualidades, como na época dourada da "Democracia Corinthiana", é frequente que se veja apontados entre os defeitos do seu comando os mesmos que se apresentam nos demais clubes.
E se o Corinthians não é o único dos grandes paulistas a conhecer a segunda divisão, só ele ganhou o primeiro Mundial de Clubes da Fifa, apesar de também apenas ele ter o título contestado.
Quem sabe um dia o Corinthians seja visto como mais um, depois de ganhar sua Libertadores e inaugurar o seu estádio, sobre o qual, com razão, pairam as mesmas críticas que um dia recaíram sobre o Morumbi, justa ou injustamente.
Porque imaginar o Corinthians com torcida menor do que alguém é perda de tempo, o que deixa um único caminho aos rivais: o de se dar conta que se nem festa são capazes de fazer sem lembrar a existência corintiana é porque importante mesmo é quem é sempre lembrado.

Um comentário:

  1. Sem dúvida, um grande artigo de um grande jornalista. Parabéns, Juca!

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