quinta-feira, 12 de abril de 2012

40 anos da Guerrilha do Araguaia

                              
Hoje, dia 12 de abril, se comemora os 40 anos da Guerrilha do Araguaia.
No dia 12 de abril de 1972, pela primeira vez, as tropas do Exército desembarcaram no Sul do Pará, dando início à guerrilha. Os combates se arrastaram até o início de 1975 e mobilizaram cerca de 5 mil homens para combater 79 guerrilheiros e 17 camponeses que aderiram ao movimento.
Praticamente todos os guerrilheiros foram presos, assassinados e estão desaparecidos até hoje. Localizar seus corpos e devolvê-los às suas famílias é um resgate histórico que o Brasil precisa fazer.
Por coincidência, ontem, meio que por acaso, encontrei no facebook Liniane Haag Brum, sobrinha de Cilon Cunha Brum, um dos mortos na Guerrilha do Araguaia, que acaba de lançar o livro Antes do Passado, contando a história de Cilon e a luta da família em busca do seu corpo.
Esse encontro, ainda que virtual, foi um momento de muita emoção para mim. Cilon, o "Comprido", foi meu companheiro de Movimento Estudantil, em 1970 e 1971, até ser deslocado para o Araguaia. Estudante de Economia da PUC em São Paulo, foi Cilon quem me recrutou para o PCdoB, quando passei no vestibular e entrei na Faculdade de Economia da USP, em 1970, e dava assistência política à base do PCdoB na USP. Tinha "pontos" semanais com ele, normalmente na porta do Cine Belas Artes, na Rua da Consolação, em São Paulo.
Um certo dia, ele se despediu dizendo que tinha sido deslocado para outra tarefa.
Não sabíamos para onde ele tinha ido, nem sabíamos, na época, da existência do Araguaia. Apenas sabíamos que havia a organização de um movimento de resistência à ditadura no campo.
Em maio de 1972, menos de um mês depois do início da Guerrilha, fui preso pelo DOI-CODI do II Exército, e os torturadores queriam que eu revelasse onde estava "Comprido". Apanhei uns três dias até eles se convencerem de que eu falava a verdade ao dizer que não sabia do seu paradeiro.
No aniversário da Guerrilha, rendo minha homenagem ao querido "Comprido", publicando a foto da sepultura que sua família mantém à espera do seu corpo, e a todos os outros mortos e desaparecidos no Araguaia.
Heróis do povo brasileiro!

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