quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Pobre televisão brasileira


A polêmica envolvendo Rafinha Bastos, do CQC, traz à tona uma discussão muito mais profunda do que a simples constatação de que esse cidadão é um idiota. É evidente que a sua piada - se é que podemos chamar aquilo de piada - foi um uma grosseria sem tamanho e de um mau gosto de tamanho ainda maior. Como é evidente, também, que esse cidadão passou de todos os limites do bom senso há muito tempo, talvez turbinado pela fama fácil que o levou até a ser considerado o twitteiro mais influente do mundo. Afinal, o que é Rafinha Bastos? Jornalista? Não. Humorista? Não? Artista? Não. Rafinha Bastos não é nada. É apenas um cara de sorte que soube surfar na popularidade de um programa diferente, que começa bem feito e chamando a atenção, mas que, hoje, dois anos depois, patina na mesmice, na baixaria, na falta de senso.
Mas, na verdade, a polêmica é maior do que Rafinha Bastos. A polêmica envolve a  baixa qualidade da grande maioria dos programas da TV brasileira, a começar pelos da líder de audiência, a poderosa Venus Platinada do Jardim Botânico. Alguém em sã consciência pode achar, por exemplo, que Hiper Tensão, é um bom programa? Expor jovens sarados, atléticos e afoitos a comer bichos nojentos, estimular intrigas e outras bobeiras é uma coisa positiva? Será que as piadas ultrapassadas e as videocassetadas do Faustão melhoram a cultura do nosso povo?
É evidente que não.
A Globo, quando quer, faz coisas de altíssima qualidade técnica e cultural, como algumas novelas e mini-séries. Mas são raridade. Na maior parte do tempo, o que domina a grade global são programas de baixíssimo nível e um desfile de artistas sertanejos e baianos, igualmente de duvidosa qualidade que, por conta a visibilidade global, viram milionários.
Por quê a Globo não abre espaço para músicos e cantores de qualidade? Para sambistas novos e veteranos de qualidade? Com as raras exceções de Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz, que cairam nas graças globais?
Enfim, esse episódio grotesto envolvendo o não menos grotesto Rafinha Bastos deveria servir de exemplo para uma grande campanha em defesa da melhoria da qualidade cultural da televisão brasileira.
Quanto a Rafinha Bastos, já vai tarde. Figurinha medíocre, grosseira, ridícula e lamentável!

7 comentários:

  1. Me diz uma coisa, você conhece alguma coisa de humor para criticar o Rafinha Bastos e escrever esse texto ou apenas leu umas bobagens no Twitter?Rafinha Bastos é jornalista formado pela PUCRS, antes de trabalhar na Band ele trabalhou na Manchete, na RBS TV (afiliada da Globo) e na TVE. Trabalhou como ator na GNT e teve passagem pelo rádio. Embora no CQC ele faça jornalismo com humor, ele é um dos integrantes da "A Liga", um excelente programa onde ele vai a fundo nas matérias, mais do que a maioria dos jornalistas no Brasil. Já acompanhou troca de tiros na fronteira, passou 24h dormindo na rua junto com mendigos, conheceu o dia a dia de viciados em crack, vendedores ambulantes, prostitutas, etc. Se isso não é jornalismo, é o que?

    Ele não é "um cara de sorte" porque esteve no CQC. O cara faz humor na Internet bem antes do YouTube. Ele criou a "Pàgina do Rafinha" onde gravou diversos vídeos fazendo sátiras de músicas populares, a página fez tanto sucesso que foi incorporada ao conteúdo do Terra. Depois que voltou pro Brasil ele fez stand up, criou o primeiro grupo dedicado ao stand up no Brasil, e foi chamado pro CQC porque ele já fazia muito sucesso, tanto nos palcos quanto na Internet.

    Estar no CQC não foi sorte, apenas uma consequência do bom trabalho de alguem que produziu muito até chegar lá. Que tal pesquisar mais antes de falar besteira, hein?

    Alem disso o fato de ter humoristas no jornalismo não é novidade alguma, aliás, é até um atraso isso não ter acontecido antes. Olhe a programação norte-americana por exemplo, o Colbert Report, o programa do Bill Maher, alem dos talk shows do Leno, Letterman e Kimmel.

    Tsc tsc

    ResponderExcluir
  2. Obrigado pelas informações sobre o passado dessa criatura. Pelo jeito, ele não aprendeu nada. No CQC ele não faz jornalismo, nem humor. Muito menos jornalismo com humor.

    ResponderExcluir
  3. Não aprendeu nada pq?George Carlin, ganhador do Grammy, autor de vários livros, incluindo um que permaneceu por dezenas de semanas como best seller, teve décadas de trabalhos no humor, fez 15 especiais na HBO e é influência direta para nomes que vão desde comediantes anônimos até celebridades mundiais como Jay Leno e Seinfeld já fez piada sobre estupro (como o Rafinha), genocídio, religião, assassinato, crianças, relação entre pais e filhos, etc.

    Aliás, quando muitos dizen que humoristas não devem ultrapassar os limites da decência através do humor, George Carlin defendida precisamente o contrário: "acho que é dever do comediante descobrir onde está o limite e cruzá-lo deliberadamente"

    Por que isso pode funcionar nos Estados Unidos, Inglaterra, etc, e aqui não, huh?

    ResponderExcluir
  4. tomou moa...larga de preguiça e ao menos pesquise...

    ResponderExcluir
  5. Que colunista mais pobretão (e ingênuo).

    ResponderExcluir
  6. não fale mal das videocassetadas.. eu gosto e me diverto..

    ResponderExcluir
  7. Moa.. passei aqui com saudades da WHD e encontrei seu blog. Quanta lucidez! Finalmente alguém falou alguma coisa óbvia sobre esse assunto que já deu o que tinha que dar. Concordo 100%... bjos!

    Isabella

    ResponderExcluir